O que mais me impressionou em São Francisco?
Ver finalmente a Golden Gate Bridge, tão cinematograficamente retratada, pintada em “national orange”, para que seja visível durante os nevoeiros, que são frequentes.
Subir, descer e subir as ruas inclinadas, estar lá em cima e de repente cá em baixo, de colina em colina, porque as paisagens mais bonitas não são planas.
E a arquitectura da cidade, tão vintage por um lado, tão moderna – milenista, por outro.
A Eduardiana Hayes Valley, os murais de Fell Street, o número de restaurantes inacreditável de Geary Street (onde, reza a lenda, se pode almoçar e jantar durante um ano, sempre em sítios diferentes).
Adorei percorrer de carro essa cidade ilusoriamente pequena, porque eu não tinha tempo, nem pernas, pés, tórax, pulmões ou coração suficientes para a conseguir calcorrear a pé…apenas vontade.
Vi são Francisco de várias colinas, e apeteceu-me ser ave para melhor sentir a brisa do Pacífico. Sobrevoei, ainda ave, a cidade toda, do Presidio a Haight Ashbury, detive-me em Pacific Heights, e de ave passei a estrela, e com Danny Glover, Nicolas Cage, Danielle Steel, George Lucas, Madonna e tantos outros habitei a Beverly Hills São Franciscana. Mudei-me depois para a Nob Hill, que me encantou pelo ar pseudo pretensioso, mas ainda assim muito convidativo.
Emocionei-me ao ver a praia…quis, ainda mais, poder surfar as ondas a mirar a ponte, e exausta, ir até a Cliff House…
Descobri o Golden Gate Park, ainda maior que o Central Park em Nova Iorque, e onde, ao contrário do seu homólogo, tudo é permitido (de jogos colectivos a piqueniques, de namoros adolescentes (não importa a idade!) a passeios com amigos. Aí, quis ser animal terrestre, e sentir a vida, o pulsar da natureza, enroscar-me na relva e tomar banhos de sol…
Mudei de época ao ver o edifício neoclássico do Palace of fine arts, magnificente, o marco central (hoje único sobrevivente) da Exposição Panamá – Pacífico de 1915. Tive pena de não ter visto o Museu de Arte Moderna e tantos, tantos outros, porque São Francisco é, acima de tudo, uma cidade ligada às artes.
E fiz, acima de tudo, com que [mais do que as recordações dos filmes] o que permanecesse na memória fosse tudo o que o olhar conseguiu abraçar.
O que ficou por fazer?
Ter mais tempo para viver a cidade. Pegar no carro e percorrer todo o Norte da Califórnia. Das vinhas de Napa Valley ao Redwood National Park, com direito a “mergulho” no Lake Tahoe.
Porque a Califórnia faz inevitavelmente parte do nosso imaginário. E porque só depois disso poderei dizer que lá estive.
Kids rush out
and onto the bus
“move to the back”!
the driver yells
the bus bumps
up and down
through the hills
of San Francisco
and doors creak
with the stampede
of people
in and out
Ana Lei, 16 from “bus 49”
[Love Poems to the City by San Francisco Youth]
O que ficou por ver:
Muir Woods National Monument
Sausalito
Deluxe wine country – Napa Valley e Sonoma
Pequenas localidades circundantes – Carmel, Mendocino, Pasadena
Todo o Norte da Califórnia! (e porque não, toda a Califórnia!)